Meu momento “gosto de abacaxi” foi quando percebi, caminhando pelas ruas na companhia da minha mãe, que eu não mais corria atrás dela com minhas pernas curtas… agora, ela que quase se arrasta atrás de mim com as pernas pesadas pela idade.
Adorei o texto. Acho que o envelhecer, tanto o nosso próprio, quanto o de pessoas que amamos começa a ficar muito claro a partir de uma determinada idade. Depois dos 30 ficamos mais conscientes e rola tipo uma constatação: ah, então é isso mesmo. É terrível, inevitável. A gente acaba tendo que aprender a lidar. Aquela coisa de trocar o pneu com o carro em movimento. É a vida.
A idade veio pra mim, pasme, com a descoberta da alergia ao abacaxi. O joelho direito me falha e eu já constato que a lenda urbana de não poder tirar um cabelo branco pq nascem dois é a mais pura verdade. Os amores envelhecendo, os filhos dos amigos fazendo festa de quinze anos, termos de responsabilidade assinados em pré-operatórios de maiores de 70 e festas de 90 anos. Tudo meio dolorido, mas tudo meio amarelinho-abacaxi de alegria.
Com a idade, a gente ganha uma coisas de bombons dessas marcas populares. Alguns são muito bons, alguns só estão ali para ocupar espaço, e outros são horríveis, mas acabamos encarando mesmo assim.
Nada me preparou para o dia que encontrei uns cílios brancos nos olhos de meu pai. Só sorri e dei um beijinho em cada olho. Não era na barba, no cabelo, na orelha: cílios é outro nível de envelhecimento.
Eu acabei de chegar na casa dos 30, mas já vejo meus olhos cada vez com mais linhas e minha pele com mais pintinhas que o convencional. As dores nos joelhos, essa sim herança familiar, já me renderam boas crises dramáticas. "Esse não era o joelho que eu tinha há 5 anos, por que ele está me abandonando tão cedo? Oh céus, oh azar...". Resultado: fui fazer fortalecimento... vai ver eu que não tava cuidando muito bem dele mesmo.
Sempre fui de dormir cedo, umas 21h no máximo, mas agora ando dormindo 20h, 19:30h e levando até 5h da manhã. Acordo sem despertador, vou pra janela e fico olhando o movimento da rua, os passarinhos, tal qual uma velhinha.
Rapaz, que coincidência, te leio aqui tem um tempo e não sabia que iria publicar pela Patuá. Esse ano escrevi um livro de contos e mandei para algumas editoras e a Patuá vai lançar meu livro, com o título de Eu "odeio" Chico Buarque de Holanda e outros contos. Então também estarei na casa Gueto, farei questão de comprar seu livro e pedir um autógrafo!
Que texto bonito. Sinto as mesmas dores de abacaxi, talvez porque temos a mesma idade. Não sou velha, mas também não sou nova - e essa indefinição é muito complicada, às vezes.
Meu estomazil de abacaxi foi levar minha mãe no PS e assinar o termo de ser responsável por ela... Uma inversão de papéis a que nenhum de nós está preparado pra viver, né? (E, ao mesmo tempo, que bom poder viver. Minha avó vivia reclamando, dizendo que "envelhecer é uma droga" e eu dizia pra ela que só tinha uma forma de evitar a velhice, e ela não era lá uma boa opção)
Adorei mais essa news, e ri com a receita ao final — sobretudo, com a sugestão de postar as fotos!
Por aqui, dores na lombar que me impede de acompanhar as peripécias do meu filho de 7 anos. E também me assusta de preservar minha saúde para conseguir acompanhar o crescimento dele. Me faz chorar em alguns momentos só de pensar nisso.
Acho que isso de sentir que estamos envelhecendo - e encontrarmos respaldo no assombro do outro - é o maior dos estomazis de abacaxi. Os sinais são muitos, mesmo, quase sempre a ver com um tombo dos pais. 🫠
Eu achei que beijo grego era outra coisa. hehehe
Se parar pra pensar, na Grécia todo beijo é grego.
De fato hehe
Meu momento “gosto de abacaxi” foi quando percebi, caminhando pelas ruas na companhia da minha mãe, que eu não mais corria atrás dela com minhas pernas curtas… agora, ela que quase se arrasta atrás de mim com as pernas pesadas pela idade.
Há uma profunda metáfora no fato de que precisamos desacelerar para eles.
Adorei o texto. Acho que o envelhecer, tanto o nosso próprio, quanto o de pessoas que amamos começa a ficar muito claro a partir de uma determinada idade. Depois dos 30 ficamos mais conscientes e rola tipo uma constatação: ah, então é isso mesmo. É terrível, inevitável. A gente acaba tendo que aprender a lidar. Aquela coisa de trocar o pneu com o carro em movimento. É a vida.
Você escreve muito bem! Obrigada por compartilhar sua escrita!
Cheguei perto dos 70 fazendo suco de abacaxi e salada de frutas e ainda lancei meu primeiro livro e já aprendi que o tempo não é linear (nem o olhar)
Aí sim!
A idade veio pra mim, pasme, com a descoberta da alergia ao abacaxi. O joelho direito me falha e eu já constato que a lenda urbana de não poder tirar um cabelo branco pq nascem dois é a mais pura verdade. Os amores envelhecendo, os filhos dos amigos fazendo festa de quinze anos, termos de responsabilidade assinados em pré-operatórios de maiores de 70 e festas de 90 anos. Tudo meio dolorido, mas tudo meio amarelinho-abacaxi de alegria.
Com a idade, a gente ganha uma coisas de bombons dessas marcas populares. Alguns são muito bons, alguns só estão ali para ocupar espaço, e outros são horríveis, mas acabamos encarando mesmo assim.
Nada me preparou para o dia que encontrei uns cílios brancos nos olhos de meu pai. Só sorri e dei um beijinho em cada olho. Não era na barba, no cabelo, na orelha: cílios é outro nível de envelhecimento.
Eu acabei de chegar na casa dos 30, mas já vejo meus olhos cada vez com mais linhas e minha pele com mais pintinhas que o convencional. As dores nos joelhos, essa sim herança familiar, já me renderam boas crises dramáticas. "Esse não era o joelho que eu tinha há 5 anos, por que ele está me abandonando tão cedo? Oh céus, oh azar...". Resultado: fui fazer fortalecimento... vai ver eu que não tava cuidando muito bem dele mesmo.
Quanta profundidade guardam esses pequenos detalhes!
Sempre fui de dormir cedo, umas 21h no máximo, mas agora ando dormindo 20h, 19:30h e levando até 5h da manhã. Acordo sem despertador, vou pra janela e fico olhando o movimento da rua, os passarinhos, tal qual uma velhinha.
Adeus, Juventude.
Então tá explicado seu segredo: o soninho de beleza está em dia.
Nossa,Lud, aqui é a mesma coisa... 20h meu corpo pede cama. 5h de pé, sem despertador kkkkkkkkkk
como a alternativa a envelhecer é bem pior, a gente acaba aceitando que vai ficar mais velho...
Contra flatos não há argumentos.
Rapaz, que coincidência, te leio aqui tem um tempo e não sabia que iria publicar pela Patuá. Esse ano escrevi um livro de contos e mandei para algumas editoras e a Patuá vai lançar meu livro, com o título de Eu "odeio" Chico Buarque de Holanda e outros contos. Então também estarei na casa Gueto, farei questão de comprar seu livro e pedir um autógrafo!
Que texto bonito. Sinto as mesmas dores de abacaxi, talvez porque temos a mesma idade. Não sou velha, mas também não sou nova - e essa indefinição é muito complicada, às vezes.
Texto saboroso de ler, ainda mais com o doce beijo grego no final
É a cereja do bolo!
Meu estomazil de abacaxi foi levar minha mãe no PS e assinar o termo de ser responsável por ela... Uma inversão de papéis a que nenhum de nós está preparado pra viver, né? (E, ao mesmo tempo, que bom poder viver. Minha avó vivia reclamando, dizendo que "envelhecer é uma droga" e eu dizia pra ela que só tinha uma forma de evitar a velhice, e ela não era lá uma boa opção)
Adorei mais essa news, e ri com a receita ao final — sobretudo, com a sugestão de postar as fotos!
Também virei responsável pela minha, logo eu, que tenho apenas seis anos... E adoro as participações da galera. Ainda aguardo as fotos, no entanto.
Lindo texto. Sua Newslenta é um carinho que recebo feliz. Um gds abraço desde Washington, DC
Fico muito feliz com sua leitura, Katia!
Por aqui, dores na lombar que me impede de acompanhar as peripécias do meu filho de 7 anos. E também me assusta de preservar minha saúde para conseguir acompanhar o crescimento dele. Me faz chorar em alguns momentos só de pensar nisso.
Ser mãe deveria ser considerado um esporte (e de alto risco).
Acho que isso de sentir que estamos envelhecendo - e encontrarmos respaldo no assombro do outro - é o maior dos estomazis de abacaxi. Os sinais são muitos, mesmo, quase sempre a ver com um tombo dos pais. 🫠