como nasce um livro?
Conheça o "segredo" para a aprovação do meu novo livro em apenas quatro dias após a entrega do original.
Meu novo livro está em pré-venda até 3 de abril. Entre o envio do original e o contrato para assinar foram apenas quatro dias. Vim contar como isso aconteceu.
Todo mundo sabe que livros contam histórias. Mas quem contará a história dos livros?
No meu caso, Acende uma fogueira para a longa noite percorreu um caminho sinuoso até se concretizar. São 20 anos desde que reuni meus primeiros poemas numa pastinha azul para mostrar aos colegas.
Aos 18 anos de idade, já tinha escrito tanto que daria três livros. E deu. Paguei a publicação deles do meu bolso. Foram centenas de exemplares, caixas e mais caixas.
Não consegui vender um único livro. A maior parte da tiragem estragou com as infiltrações e as traças da quitinete podre onde eu morava. Doei o restante.
Foi minha culpa, admito. Meus primeiros textos eram horríveis. Mas eu tinha um sonho e uma teimosia gigante, então continuei escrevendo.
Meu objetivo era ser publicado por uma editora de projeção nacional, que assumisse as vendas e pudesse levar minha poesia além de mim. Queria que meus poemas tivessem vida própria.
Tentei de tudo para que isso acontecesse. Mandei originais, me inscrevi em concursos e editais, fiz zines, publiquei por conta própria, roguei aos céus e nada. Até mudei de linha. Escrevi um romance, publiquei-o por uma editora estreante e acho que vendi uns 100 exemplares. Depois, peguei o mesmo livro, coloquei a versão digital na Amazon e cheguei a quase 3.000 downloads. Melhor, mas ainda longe do sonho de poeta.
Em resumo, falhei muito, dei mancada à beça. O importante é que nunca perdi a fome de escrever. Experimentei, li, estudei, ouvi muito a excelente produção local e aprendi a declamar em eventos. Cada experiência ajudou a amadurecer minha poesia e, no tempo livre do trabalho com marketing, eu escrevia freneticamente.
No verão de 2021 tive uma dessas febres poéticas. Escrevi 20 poemas entre dezembro e fevereiro. Um deles foi Acende uma fogueira para a longa noite, rabiscado em 16/2/21.
O poema nasceu no contexto da pandemia, mas logo representou muito mais. Era um recado a todos que o lessem: acende uma fogueira, seja qual for a noite que atravesses. Virou um símbolo de perseverar naquilo que faz valer a existência. Para mim, é a escrita.
A partir de então, ele se tornou o título oficial dos originais que enviei para concursos e editoras. Entre elas, a Patuá, em 2022.
Não tive qualquer resposta.
Já em 2023, voltei a me apresentar em eventos e testei novos poemas. A reação ao vivo me dizia o que funcionava melhor. Reuni uma obra mais robusta e a inscrevi num concurso que não me deixou sequer entre os finalistas. O progresso tem desses mistérios…
Só que o concurso foi importante por um detalhe: ele pedia um número mínimo de páginas. Isso me deu a ideia de dividir o livro em diferentes partes. Assim, ganhava umas páginas a mais com os subtítulos. A estrutura melhorou muito como consequência disso.
No mesmo ano, refinei a obra para um concurso em Portugal que exigia poemas inéditos. Nem o inscrevi porque o envio pelo correio estava caríssimo.
Mas foi nesse processo de tentativa e erro que cheguei ao conceito, à estrutura e à seleção de poemas de Acende uma fogueira para a longa noite que você pode comprar hoje. É uma obra melhor porque falhei muito antes.
Então, como o livro foi aprovado em apenas quatro dias?
Reenviei o original à Patuá em 27 de janeiro de 2024. A resposta e o contrato para publicação chegaram no dia 31 de janeiro. Parece até fácil, não é mesmo?
Aí entra o fator sorte, no sentido de que a sorte acontece quando a preparação encontra a oportunidade. E eu me preparei 20 anos para isso. Escrevi muito, reescrevi mais ainda, li, estudei, ouvi, publiquei de várias formas, pesquisei o mercado, ganhei leitores com o romance, mantive uma newsletter, criei um público e cheguei a uma visão clara e sucinta da obra. Bônus para o título que se destaca e tem gerado muitos elogios.
Tudo isso culminou no momento exato que o editor estava disponível para ler e tinha disponibilidade para publicar. Não vá esperando uma resposta em quatro dias. Aliás, nem espere resposta, como foi na minha primeira tentativa. Tive um rompante de sorte por seguir tentando.
Agora o sonho virou realidade. Ou quase. O sonho só estará completo quando chegar às suas mãos. Garanta logo seu exemplar para ser uma das primeiras pessoas a ler.
Monique Malcher, escritora ganhadora do Prêmio Jabuti, já leu e resumiu assim:
“Uma obra tal qual a vida: bonita, brutal, ardente.”
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Por curiosidade: você é da cidade de São Paulo e iria a um lançamento presencial do livro? Deixe sua resposta nos comentários.
vi por aí
Para dicas de quem entende muito do assunto, a
responde “como fazer um editor ler (e gostar do) meu livro?”.Sempre avalie se a obra se encaixa na editora. Só insisti na Patuá porque li diferentes autoras da casa, como a
com Pia cheia, e me via nessa linha editorial.Já Thaís Campolina e outras escritoras falam de caminhos alternativos para a publicação no blog Leia Luiza.
Minha eterna gratidão a quatro eventos que me fizeram crescer como poeta: Quinta Maldita, PalavrAcanção, Sarau da Tainha e os saraus da Abrasabarca.
Chegou aqui nem sabe como? Fique para um café com bolo na próxima edição da Newslenta.
Um abraço do Chris
Uma é de "graça", a outra na raça.
Muitainspiraçãomuitatranspiração
Parabéns por ambas